domingo, 17 de junho de 2012

A obra de Casimiro de Abreu

- Casimiro de Abreu
Poeta de segunda geração romântica, foi ainda criança para Portugal com os pais, onde escreveu a maior parte de sua obra.Escreveu poemas onde o sentimento nativista e a busca pela inocência da infância estão presentes. Os aspectos formais de sua obra são considerados fracos, porém este poeta exerceu uma grande influência para o movimento romântico. Morreu em 1860, vítima de tuberculose.
Poema: MEUS OITO ANOS
                                                  Oh! Que saudades que tenho                
                                                 Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !

Como são belos os dias
Do despontar da existência !
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor !

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !

Oh ! dias de minha infância !
Oh ! meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã !

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis !

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar !

Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !

Semelhanças com a obra de Álvares de Azevedo: Assim como o autor da Lira dos Vinte Anos na primeira e terceira fase de sua obra, Casimiro de Abreu também usa da inocência e pureza atribuídas a infância para falar sobre a saudade que tem do tempo em que era menino.

Por Ana Beatriz e Victor

Nenhum comentário:

Postar um comentário