segunda-feira, 18 de junho de 2012

Obras de Fagundes Varela, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire

Fagundes Varela: era apaixonado pelos românticos, lia os poetas nacionais, os franceses e os ingleses.Dessas leituras surgiram as influências que sofreu de Álvares de Azevedo e de Byron.Sempre inquieto e torturado, conseguia refúgio somente junto à Natureza. Por esse motivo, sua poesia contêm em contraste, a contemplação da vida rural e urbana, com seus vícios e, por causa deles, a amplificação do sofrimento.Mostra também uma fase com um grande espírito religioso. Sua obra inclui: "Cantos Meridionais" (1869), "Cantos do Ermo e da Cidade" (1869), "Anchieta ou Evangelho na Selva" (1875), "Cantos Religiosos" (1878) e "Diário do Lázaro" (1880).

Ideal
Não és tu quem eu amo, não és!
Nem Teresa também, nem Ciprina;
Nem Mercedes a loira, nem mesmo
A travessa e gentil Valentina.

Quem eu amo te digo, está longe;
Lá nas terras do império chinês,
Num palácio de louça vermelha
Sobre um trono de azul japonês.

Tem a cútis mais fina e brilhante
Que as bandejas de cobre luzido;
Uns olhinhos de amêndoa, voltados,
Um nariz pequenino e torcido.

Tem uns pés... oh! que pés, Santo Deus!
Mais mimosos que uns pés de criança,
Uma trança de seda e tão longa
Que a barriga das pernas alcança.

Não és tu quem eu amo, nem Laura,
Nem Mercedes, nem Lúcia, já vês;
A mulher que minh'alma idolatra
É princesa do império chinês.


Semelhança:ambos possuem uma linguagem culta que falam de um profundo amor que está distante que representa a mulher como um ser amável e bondoso,se mostra como um ser puro,inocente.Possui caracteristicas romanticas como sentimentalismo exarcebado e idealização.


Casimiro de Abreu:Não escreveu muito,em compensação seu lirismo de adolescente retratado em sua poesia, que era centrado no amor, na tristeza da vida, na saudade da Pátria e da infância, o tornou o poeta mais popular da literatura brasileira. 

Desejo



Se eu soubesse que no mundo
Existia um coração,
Que só por mim palpitasse
De amor em terna expansão;
Do peito calara as mágoas,
Bem feliz eu era então!
 
Se essa mulher fosse linda
Como os anjos lindos são,
Se tivesse quinze anos,
Se fosse rosa em botão,
Se inda brincasse inocente
Descuidosa no gazão;
 
Se tivesse a tez morena,
Os olhos com expressão,
Negros, negros, que matassem,
Que morressem de paixão,
Impondo sempre tiranos
Um jugo de sedução;
 
Se as tranças fossem escuras,
Lá castanhas é que não,
E que caíssem formosas
Ao sopro da viração,
Sobre uns ombros torneados,
Em amável confusão;
 
Se a fronte pura e serena
Brilhasse d'inspiração,
Se o tronco fosse flexível
Como a rama do chorão,
Se tivesse os lábios rubros,
Pé pequeno e linda mão;
 
Se a voz fosse harmoniosa
Como d'harpa a vibração,
Suave como a da rola
Que geme na solidão,
Apaixonada e sentida
Como do bardo a canção;
 
E se o peito lhe ondulasse
Em suave ondulação,
Ocultando em brancas vestes
Na mais branda comoção
Tesouros de seios virgens,
Dois pomos de tentação;
 
E se essa mulher formosa
Que me aparece em visão,
Possuísse uma alma ardente,
Fosse de amor um vulcão;
Por ela tudo daria...
— A vida, o céu, a razão!
 
Semelhança:ambos demonstram a mulher como um ser magnífico de uma extrema pureza,eles fazem uma idealização da mulher como um ser frágil e sensível,mas ao mesmo tempo não esquecem de sua sensualidade e formosura.



Junqueira Freira: afasta-se do Romantismo pela forma rígida de seus poemas,continuam ligados ao neoclassicismo. Suas poesias foram consideradas comuns, por não conter um caráter mais romântico, com a utilização de versos livres.De um lado, o poeta diz que seu lado religioso se originou dos ensinamentos de sua mãe,e que sua falta de fé surgiu por causa dos seus estudos filosóficos que exterminavam a sua crença, como bem mostra o prólogo de seu livro “Contradições poéticas''.

Martírio

Beijar-te a fronte linda
Beijar-te o aspecto altivo
Beijar-te a tez morena
Beijar-te o rir lascivo

Beijar o ar que aspiras
Beijar o pó que pisas
Beijar a voz que soltas
Beijar a luz que visas

Sentir teus modos frios,
Sentir tua apatia,
Sentir até répúdio,
Sentir essa ironia,

Sentir que me resguardas,
Sentir que me arreceias,
Sentir que me repugnas,
Sentir que até me odeias,

Eis a descrença e a crença,
Eis o absinto e a flor,
Eis o amor e o ódio,
Eis o prazer e a dor!

Eis o estertor de morte,
Eis o martírio eterno,
Eis o ranger dos dentes,
Eis o penar do inferno!


Semelhança:ambos idealização a mulher um ser delicado e ao mesmo tempo sentem um amor tão profundo.E entendem que no amor a tristezas e alegrias,mas de um certo modo exageram nesse sentimento que chega a passar um aspecto doentio.

Valeska e Ana Paula

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