domingo, 17 de junho de 2012

A obra de Fagundes Varela

- Fagundes Varela
Foi um dos maiores expoentes da poesia brasileira de seu tempo, nascido em 1841, na cidade de Rio Claro, foi um poeta boêmio e inveterado. Foi durante a transição da segunda para a terceira fase do romantismo que abandonou a faculdade de direito para dedicar-se a sua arte. Embebedando-se e escrevendo, faleceu jovem aos 34 anos, sustentado pelo pai, passando boa parte do tempo no campo, seu lugar predileto. 
Poesia:  A FLOR DO MARACUJÁ
                                                                                                                                     Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!

Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá!

Pelas tranças de mãe-d’água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá!

Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!

Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas,
Que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentada
Da flor do maracujá!

Por tudo o que o céu revela,
Por tudo o que a terra dá
Eu te juro que minh’alma
De tua alma escrava está!…
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!

Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em – á -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos, ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!

Semelhança com a obra de Álvares de Azevedo: Assim como o autor, aqui Fagundes Varela demonstra nos versos toda a sua devoção pela amada, que "compara"seu amor as características da flor do maracujá. Lendo o poema, é possível perceber o sentimento exacerbado característico daquela fase do romantismo. 


 Por Ana Beatriz e Victor 

Nenhum comentário:

Postar um comentário